Categoria: sobre a composição/about the composition
Análise sobre composição na fotografia e ensaios sobre abordagens pouco convencionais.
Analysis of composition in photography and essays on unconventional approaches.
Há pouco tempo publiquei um artigo com uma fotografia. Agora será aplicada a regra de divisão da fotografia segundo a regra de ouro, aplicada a esta fotografia do sol nascente. O video que é apresentado faz a sobreposição de alguns diagramas que permitem analisar os elementos da composição e dar destaque aqueles que foram considerados fundamentais e que valorizam a composição.
Para entender melhor a origem da divisão, devemos analisar o artigo deste blog, PROPORÇÃO ÁUREA NA FOTOGRAFIA, onde uma animação demonstra a evolução permite relacionar o retângular de ouro com a composição
A edição de vídeo foi feita com DaVinci Resolve, um software de edição muito acessível e algo intuitivo. Para quem já conhece alguns softwares de edição de vídeo, torna-se muito muito fácil a sua utilização. Os tutoriais disponíveis na web são excelentes complementos de aprendizagem.
Duas perspectivas de uma rua resultantes do acto de fotografar. Quando se fotografa alguma coisa, independentemente do que seja, e ao contrário do que se possa conjecturar, o mesmo elemento pode ser registado de diversas formas por variadíssimas pessoas, até mesmo a própria pessoa pode criar diferentes pontos de vista, tornando quase infinita a forma como se regista ou se vêem as coisas. Independentemente disso, a cultura visual, a formação intelectual, ou até a falta de formação em imagem pode levar a diferentes interpretações da mesma imagem. Destacaria até a falta de formação em imagem porque observar alguma, coisa livre de preconceitos, pode tornar as imagens muito mais apelativas decorrente da inocência do olhar.
Senão vejamos! As redes sociais tornaram a divulgação da imagem uma coisa popular. Essa divulgação deixou de estar restrita a alguns amadores, a profissionais, a autores, a repórteres, etc, para estar acessível a um elevado número de pessoas, com a forte ajuda da evolução tecnológica que os equipamentos de registo de imagem tiveram nos últimos tempos, com destaque para a tecnologia dos “smartphones”!
Toda a gente tem o seu público, e uns mais e outros menos! Até diria que qualquer ignorante pode atrair mais publico do que qualquer autor que dá uma sentido próprio à imagem, que define um conceito. E ao referir ignorante, é mesmo um analfabeto da fotografia, pessoas que sem formação nenhuma em fotografia conseguem excelentes resultados, ao ponto de atrair um determinado público.
Nos registos apresentados neste artigo pretende-se mostrar duas perspectivas da Rua da Alfândega, no Porto, que do habito de conceitos pré adquiridos, os famosos preconceitos, e envolto na inocência do olhar simples e descontraído, sem o objetivo de registar para mostrar, mas para consumo próprio e de análise introspectiva, pode-se obter leituras diferentes de um mesmo local.
Perspectiva da entrada da Rua da Alfândega.
Perspectiva da Rua da Alfândega com o Rio Douro ao Fundo.
Existem diversas abordagens às regras de composição na fotografia. Esta pretende complementar a panóplia dessas abordagens, mas com um ponto de vista centrado em alguns estudos sobre a composição baseada nas regras mais conhecidas. Neste caso será abordada a regra de ouro na fotografia, tema que já foi mencionado em artigos anteriores e que podem complementar esta informação.
O motivo desta escolha prende-se com o facto dela ser uma regra baseada no rectângulo de ouro e ser uma referencia nas artes que dependem da matemática na relação geométrica dos elementos representados.
Quanto às regras, elas existem para orientar aqueles que se iniciam na fotografia e não sabem como enquadrar os elementos na composição, ou muitas vezes, dar o devido destaque a um elemento relevante sem que os outros lhe tirem protagonismo. É frequente observar registos em que claramente se quer dar destaque a um elemento, mas todos os que aparecem próximos interferem de forma clara, deixando o observador confuso.
Note-se que para além das regras de enquadramento existem outras técnicas que podem ajudar a criar esse destaque, nomeadamente a iluminação e a profundidade de campo, entre outros.
Uma das formas que temos para desenvolver as técnicas de enquadramento é o uso de ferramentas digitais para análise e reenquadramento, que há uns anos eram difíceis de adquirir mas que agora começam a estar a preços bastante acessíveis e outras até gratuitas.
Obviamente que as aplicações gratuitas acabam por estar limitadas, mas que são um preciosos auxilia para quem precisa de ajuda, e pela experiência, muitas delas cumprem bem o objectivo de quem anda na fotografia de uma forma lúdica.
Voltando ao uso das regras, quando não se tem formação, deve-se começar pela autocrítica, observando os registos e avaliando o enquadramento, treinando de uma forma visual a organização dos elementos e com auxilia de diagramas visuais, reforçar essa organização. O treino é uma das melhores formas de capacitação visual, ao ponto de em determinada fase, as fotografias obtidas possuírem esse enquadramento de forma empírica.
Mas como em tudo, a regra não podem ser inibidora da liberdade pessoal, sob pena de limitar a criatividade individual. Sempre que se entender, deve-se romper com a regra.
Para este artigo, foram desenvolvidos dois diagramas com o objectivo de ajudar a compreender o enquadramento na regra de ouro. E porquê a regra de ouro?
Simplesmente, de uma forma básica, assemelha-se bastante à regra dos terços, sendo a localização dos pontos notáveis da regra dos terços muito próximos dos da regra de ouro. Por outro lado entendo que a liberdade de organização dos elementos não deve ser restringida por uma base demasiado geométrica.
O primeiro diagrama foi desenvolvido pelo cruzamento das linhas de força que dão origem aos pontos notáveis e que tornam a composição demasiado geométrica e vincam a regra no seu todo.
Há diversos grupos de elementos que se destacam nesta análise, mas só serão abordados aqueles que foram determinantes no momento do registo e foram apenas três:
As árvores do lado esquerdo;
Os arbustos rasteiros do lado esquerdo;
E o percurso.
As árvores são determinantes pelo peso que tem ao nível do ambiente local como elemento fundamental da paisagem;
Os arbustos do lado esquerdo servem de base ornamental às árvores e tem uma forte e uniforme expressão sobe a desorganização da verticalidade dos troncos das árvores;
O percurso aponta para a linha do horizonte ao nível do olhar o observador, determinando um ponto de fuga para onde convergem todas as linhas;
Esta é uma abordagem mais geométrica, mas a fotografia é um todo com elementos em destaque desenvolvendo um diagrama à base de zonas com a regra de ouro, podemos observar a composição no seu todo com um destaque discreto dos pontos notáveis.
Nesta abordagem podemos ver em destaque o pondo de fuga na linha do horizonte do observador, reforçada pelos arbustos do lado esquerdo, mas todos os restantes elementos são um todo. Por isso, quando usamos regras, a a maioria dos equipamentos de registo fotográfico digital, tem ferramentas visuais para o auxilio do enquadramento que podem ser utilizadas e numa fase inicial até devem, mas o desenvolvimento do treino visual, liberta o potencial do observador para outros detalhes que podem ser importantes.
Numa nota final a este artigo, sugere-se que as regras sejam: estudadas como forma de educação do enquadramento visual; usadas para facilitar a organização dos elementos da composição; e quebradas sempre que se entender por motivos pessoais, de conceito ou de criativos.