– Professor, está bem!?
Dizia uma aluna que me observava enquanto fotografava numa exposição nos Antigos Paços do Concelho, em Viana do Castelo, sobre cartazes de cinema de outros tempos. Mas o filme que eu estava a ver era o de sempre e que me move quando saio com os alunos de fotografia. Ensinar a praticar o acto de fotografar. E a melhor forma de explicar é fazendo aquilo que parece pouco ortodoxo!
Mas voltando ao diálogo:
– Professor, está bem!? O que lhe deu para estar para ai a fotografar a porta!?
Embora pareça uma pergunta ignorante ela faz sentido! Faz parte da curiosidade que leva ao caminho da aprendizagem! São os curiosos que captam o conhecimento porque os que criticam a possibilidade da atitude ser ridícula com ar jocoso, alimentam o ego humorístico e ficarão eternamente estúpidos!
Mas perante a admiração respondi:
– Não fotografo a porta, fotografo a luz que se desenha nela!
E continuei a moldar as minhas composições estudando a melhor forma de as fixar, procurando enquadrar pela regra de bauhutte na fotografia. E os resultados foram os seguintes com a fotografia nua e crua conforme o momento do registo e que se explica:
Exemplo 01 – Sem matrizes, grelhas ou outras orientações, apenas baseado nos estudos geométricos sobre o ponto de bauhutte e a relação com o triângulo e o quadrado que o define, quando sobrepus os esquemas do ponto de bauhutte de Almada Negreiros e de Lima de Freitas, o resultado foi surpreendente. A inclinação assumida no momento do registo é definida numa linha que coincide com a bissectriz do ângulo formado por um dos lados de cada quadrado das construções dos dois esquemas;
Exemplo 02 – Continuando o mesmo ensaio, em mais um dos registos selecionados no processo editorial, o resultado obtido aproxima bastante da inclinação do esquema de Lima de Freitos tendendo para o interior do quadrado;
Exemplo 03 – Por fim e no último registo selecionado, a inclinação continua próxima do esquema de Lima de Freitos, mas neste caso tendendo para o exterior do quadrado.
Obviamente que se tivesse manipulado as fotografias, a inclinação poderia ter a coincidência que desejasse, mas isso relega os estudos para a falta de genuinidade, tirando-lhe a consistência da fundamentação.
Como nota sobre os esquemas sobre o ponto de bauhutte, o esquema representado a azul é o de Almada Negreiros e o que se encontra representado a vermelho é o de Lima de Freitas.